segunda, 29 de setembro de 2025 | Secretaria da Educação
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) acabou de lançar um livro para contar o que mudou na vida de meninas e meninos no Brasil, nessa trajetória de 75 anos. A experiência exitosa de Euclides da Cunha com a Busca Ativa Escolar foi escolhida para representar o programa na publicação.
Nos últimos 75 anos, a vida das crianças e dos(as) adolescentes mudou no Brasil. O UNICEF participou, direta ou indiretamente, das principais conquistas do País. Do programa que viabilizou a merenda escolar, em 1954, à aprovação do artigo 227 da Constituição Federal, de 1988, e do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), de 1990, que mudaram o marco legal dos direitos de meninas e meninos.
No livro, estão em destaque programas como o Selo UNICEF, que completou 25 anos em 2024, a #Agenda-CidadeUNICEF, as Unidades Amigas da Primeira Infância (UAPI), a Busca Ativa Escolar (BAE), o Um Milhão de Oportunidades (1MiO), entre outros.
Confira abaixo a matéria completa presente no livro. Para baixar a publicação, clique aqui.
O poder da Busca Ativa Escolar na inclusão social
Quando a equipe da Busca Ativa chegou à sua casa, Yasmin dos Santos ainda não frequentava a escola. “Eu não botei [na escola] porque tinha pena de ela ir tão pequenininha. Pensei: ‘Deixa completar mais uns aninhos que eu mando’”, conta Simone dos Santos, mãe de Yasmin. O fato de ter conseguido ingressar ainda na educação infantil foi uma exceção em sua família. Alguns de seus irmãos mais velhos foram matriculados com 7 ou 9 anos. “Se não fosse o programa, Yasmin poderia ter ficado à margem como tantas outras crianças”, afirma Maria Cristina Melo, diretora pedagógica na Secretaria de Educação de Euclides da Cunha, na Bahia.
Yasmin e sua família moram na zona rural do município de Euclides da Cunha, que tem pouco mais de 61 mil habitantes. A menina foi localizada em uma das primeiras buscas ativas realizadas na região. Em Euclides da Cunha, 417 crianças já foram impactadas pela iniciativa desde sua implementação, em 2018. Algumas permaneceram matriculadas e outras ainda seguem em um processo intercalado de ingressar e deixar a escola.
Antes de ser matriculada, Yasmin acompanhava a mãe nas tarefas domésticas. “Eu ficava em casa com ela. Se eu fosse buscar água, ela tinha que ir junto, porque não ia deixar a menina sozinha”, relembra. Hoje, aos 9 anos, Yasmin está no terceiro ano, vai ao colégio todos os dias pela manhã e frequenta o Atendimento Educacional Especializado (AEE) duas vezes por semana no contraturno. No tempo livre, ela diz que gosta de brincar com os irmãos e assistir a desenhos animados.
Segundo Maria Cristina Melo, durante o processo de alfabetização de Yasmin a professora notou que a menina tinha um ritmo de aprendizado muito particular. Isso chamou a atenção da escola e da Secretaria de Educação. Com isso, a aluna foi encaminhada ao AEE para acompanhamento. O AEE é um serviço voltado a crianças com autismo ou algum tipo de deficiência, oferecido dentro da própria escola a fim de trabalhar as dificuldades apresentadas no ensino regular, visando à autonomia do aluno. Desde que passou a ser atendida pelo AEE, Yasmin teve avanços significativos. “Eu já sei até escrever meu nome”, revela a menina com orgulho. A mãe conta que ela está aprendendo, desenvolvendo-se bem, e até seu comportamento melhorou – está mais calma. Antes, os episódios de estresse eram recorrentes e, em momentos de crise, Yasmin acabava sendo agressiva.
Seu exemplo serviu como fonte de inspiração para que sua mãe também retomasse os estudos. Frequentando a educação de jovens e adultos (EJA) no período da noite, Simone dos Santos conta que não teve oportunidade de estudar antes em sua vida. “A pessoa sem estudo não é ninguém. Eu não sei ler, e no dia que eu fui a um médico em Salvador tive que pedir para as pessoas me ajudarem. É ruim demais”, afirma. E os irmãos mais novos já seguiram os passos de Yasmin e estão matriculados.
Localizar crianças fora da escola não é tarefa simples. Lucijane Ribeiro Neves, coordenadora operacional da Busca Ativa Escolar no município, relata que, em caso de evasão, os colégios costumam indicar o nome e o endereço dos alunos aos agentes. Quando a criança ainda não teve a oportunidade de frequentar o ambiente escolar, a identificação se dá por meio de alertas de vizinhos e das campanhas da Busca Ativa realizadas em diferentes regiões. “Nós vamos até a residência e procuramos saber o motivo pelo qual a criança não está na escola. Explicamos a importância da educação na vida dela e o que pode acontecer caso ela não retorne [ou ingresse pela primeira vez]”, diz.
Apesar de ser focado na inserção ou reinserção de crianças e adolescentes nas escolas, a Busca Ativa Escolar possui um papel importante na articulação com outros órgãos públicos. A iniciativa conta com o apoio das secretarias de Saúde e de Assistência Social, do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA) e do Conselho Tutelar. Por isso, segundo Melo, o programa abre portas para várias camadas de transformação social. “O que todas essas crianças e famílias têm em comum é a vulnerabilidade social”, explica a diretora pedagógica.
A capilaridade do programa permite que diversas realidades sejam contempladas. “Existem famílias tão isoladas que a informação não chega a elas. E, quando chega, estão tão preocupadas em sobreviver, que não há tempo nem energia para assimilar o que estão dizendo na campanha”, reforça Melo. Por isso, durante o primeiro contato é comum que, além de o coordenador operacional da Busca Ativa Escolar, estejam presentes assistentes sociais e psicólogos, responsáveis por explicar o impacto que o programa pode ter na vida daquela família.
Foi por meio desse trabalho intersetorial que os Santos conquistaram uma casa nova. Pouco tempo depois de Yasmin ser identificada pelo programa, a família precisou ser acolhida por parentes, porque sua residência havia cedido em razão de uma chuva forte. Identificada a necessidade, a Prefeitura de Euclides da Cunha, em parceria com a Secretaria de Assistência Social, construiu uma nova moradia.
A segurança alimentar também é ponto-chave nesse processo. “Ninguém consegue pensar em escola tendo fome”, enfatiza Melo. O apoio da assistência social foi fundamental para garantir a distribuição de cestas básicas e o acompanhamento regular da família de Yasmin. “Sem essas articulações todas, ela até poderia estar matriculada, mas não teria condições mínimas e dignas de vida”, explica.
Fonte: Livro 75 anos pelas crianças e pelos adolescentes - Uma história em construção (UNICEF Brasil)
Crédito foto principal: UNICEF/BRZ/Raoni Libório
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Que bom que tudo está bem, José Severiano! Vida longa e com muita saúde. Esperamos que não seja mais necessário, mas, se precisar, as equipes de saúde estão à disposição para ajudar, em qualquer lugar de Euclides da Cunha.